Joana da Baviera

Joana
Joana da Baviera
Estátua da rainha na Catedral de São Vito, em Praga.
Rainha Consorte da Germânia
Reinado 10 de junho de 1376 – 31 de dezembro de1386
Coroação 6 de julho de 1376 na Catedral de Aachen
Antecessor(a) Isabel da Pomerânia
Sucessor(a) Sofia da Baviera
Eleitora Consorte de Brandemburgo
Reinado 2 de outubro de 1373 – 31 de dezembro de 1386
Predecessor(a) Catarina da Boêmia
Sucessor(a) Maria da Hungria
Rainha Consorte da Boêmia
Reinado 29 de setembro de 1370 – 31 de dezembro de 1386
Coroação 17 de novembro de 1370 em Praga
Predecessor(a) Isabel da Pomerânia
Sucessor(a) Sofia da Baviera
 
Nascimento c. 1356, 1361 ou 1362
  Haia, Condado da Holanda, Sacro Império Romano-Germânico (atualmente nos Países Baixos)
Morte 31 de dezembro de 1386
  Castelo de Karlstein, Reino da Boêmia (atualmente na República Checa)
Sepultado em
Catedral de São Vito (desde 1423)

Fortaleza de Vyšehrad
Mosteiro de Zbraslav
Cônjuge Venceslau IV da Boêmia
Casa Wittelsbach (por nascimento)
Luxemburgo (por casamento)
Pai Alberto I da Baviera
Mãe Margarida de Brieg

Joana da Baviera (em alemão: Johanna von Bayern, em tcheco/checo: Johana Bavorská; Haia, c. 1356, 1361 ou 1362Castelo de Karlstein, 31 de dezembro de 1386)[1][2] foi rainha consorte da Germânia e Boêmia como a primeira esposa de Venceslau IV da Boêmia.

Família

Joana foi a segunda filha e criança nascida do duque Alberto I da Baviera e de sua primeira esposa, Margarida de Brieg, da Silésia.

Os seus avós paternos eram o imperador Luís IV e Margarida II, Condessa de Hainaut. Os seus avós maternos eram o duque Luís I de Brieg e de Legnica e Inês de Głogów-Żagań.

Ela teve uma irmã mais velha, Catarina, casada com o duque Guilherme I de Gueldres e Jülich. Também teve cinco irmãos mais novos: Margarida, esposa de João, Duque da Borgonha; o duque Guilherme II da Baviera, marido de Margarida da Borgonha, irmã do duque João da Borgonha, e pai de Jaqueline, Condessa de Hainaut; o duque Alberto II da Baviera, que não se casou e nem teve filhos; Joana Sofia, esposa do duque Alberto IV da Áustria, e o duque João III da Baviera, príncipe-bispo de Liège e conde da Holanda.

Biografia

A rota tomada por Joana para chegar na Boêmia.

Em agosto de 1370, a jovem Joana, que tinha entre 8 a 14 anos, deixou Haia e viajou para Praga para se casar com o príncipe Venceslau, da Casa de Luxemburgo, de 9 anos, filho do imperador Carlos IV e de sua terceira esposa, Ana de Swidnica. Eles se casaram em 29 de setembro daquele ano, em Nuremberga. Devido ao fato de que eles dividiam grau de consanguinidade, foi obtida uma dispensa papal. Venceslau já tinha ficado noivo duas vezes antes de casar-se com Joana. O príncipe já havia sido coroado rei da Boêmia, na Catedral de São Vito, na data de 15 de junho de 1363, para confirmá-lo como herdeiro do pai. Por isso, ainda que antes da ascensão oficial ao trono do marido, Joana foi coroada rainha da Boêmia, em 17 de novembro de 1370, na cidade de Praga.[1][3]

A união foi arranjada com o objetivo de romper uma aliança contra a Boêmia entre os reis da Hungria e Polônia e a família de Joana,[3] os duques da Baviera, que possuíam muitas terras nos Países Baixos. Antes de Joana ser escolhida como noiva, Carlos IV havia planejado casar o filho com Isabel de Nuremberga, mas ela acabou se casando com Roberto, Eleitor do Palatinado, que, mais tarde, viria a suceder Venceslau como rei da Germânia no ano de 1400.

Em 2 de outubro de 1373, ela se tornou eleitora de Brandemburgo quando Venceslau sucedeu ao título. A eleitora anterior foi a cunhada de Joana, Catarina da Boêmia, como consorte de Otão V da Baviera.

O casamento só foi consumado em 1376, quando Venceslau tinha 15 anos, e Joana tinha entre 14 a 20 anos de idade. A partir daí, o casal passou a viver junto com regularidade.[3] Ainda em 1376, eles foram coroados rei e rainha dos Romanos, o qual correspondia ao título de rei e rainha da Germânia, em 6 de julho, na Catedral de Aachen.[1][3]

A rainha aprendeu a língua tcheca com rapidez. A sua conselheira mais próxima era a imperatriz, madrasta de Venceslau, Isabel da Pomerânia. Contudo, o relacionamento entre Venceslau e Isabel não era bom, pois a imperatriz não gostava do fato de que o enteado era o herdeiro, no lugar dos filhos que ela teve com o imperador, os meio-irmãos mais novos do príncipe.[3]

Vida como rainha

Com a morte do imperador Carlos IV em 29 de novembro de 1378, o marido de Joana tornou-se o único rei da Germânia e Boêmia. Porém, não chegou a ser coroado imperador do Sacro Império Romano-Germânic como sucessor do pai. Joana compareceu ao funeral do sogro. A agora rainha logo deixou a corte real em Praga para morar no Castelo de Písek, hoje na Boêmia do Sul, onde permaneceu por cerca de um ano. Aparentemente, Joana fez isso após se desentender com a imperatriz viúva.[3]

Selo de Joana como rainha.

Joana não desempenhou um grande papel como rainha da Boêmia, mas possuía o seu próprio selo real. Segundo cronistas da época, a rainha não era uma beldade, mas era conhecida pela sua natureza amigável e alegre.[3]

Parte de trás do selo.

Não se sabe ao certo se o casamento foi feliz ou não, pois os relatos sobre a questão variam. No entanto, todos os relatos concordam que o rei adorava beber, e podia ser mal-humorado de vez em quando. Ele também adorava caçar, e tinha até uma matilha de cães de caça que deixava dormir no seu quarto. Venceslau devotava a maior parte de seu tempo a caçar, comer e beber. Ao que parece, Joana tentou convencer o marido a mudar o seu estilo de vida, e levar o seu papel como rei mais a sério. Mesmo considerando o temperamento ruim de Venceslau, parece ter havido um forte vínculo emocional entre o casal. O casal não teve filhos, e acreditava-se que a culpa da falta de filhos era o alcoolismo do rei, o que o deixaria infértil.[3]

Morte

A rainha faleceu no dia 31 de dezembro de 1386, no Castelo de Karlstein, a cerca de 10 km a sudoeste de Praga, quando tinha entre 24 a 30 anos, possivelmente após ter sido mordida ou estrangulada por um dos cães de caça de Venceslau, embora não se saiba ao certo qual foi a causa definitiva de sua morte repentina.[3]

Segundo um cronista, Joana acordou no meio da noite para usar o penico. Enquanto ela procurava pelo objeto debaixo da cama, o barulho assustou e acordou um dos cachorros, que pulou na rainha e mordeu a sua garganta. Algumas pessoas questionaram como isso pôde ter ocorrido, e se o animal estava acostumado a presença dela; talvez não estivessem acostumados com ela dormindo no mesmo quarto que o dono deles. No entanto, cerca de um ano antes, um dos cães havia mordido um mestre real ao que estaria acostumado. As vezes, a imprudência de Venceslau é usada para explicar o comportamento agressivo dos cães, que eram usados para caçar e matar animais de porte grande, além de proteger seu mestre. Também foi sugerido na época que o cachorro poderia sofrer da doença da raiva. [3]

Algumas pessoas também questionam a história em si, pois era comum que reis e rainhas dormissem em quartos separados. Contudo, eles poderiam ter passado algumas noites juntos. De acordo com outras teorias, Joana poderia ter passado fome com o objetivo de suicídio, pois estava infeliz no seu casamento, ou, ainda, poderia ter morrido de peste bubônica, porém, a doença, aparentemente, não estava ativa na área quando ela morreu. Assim, é mais provável que tenha sido atacada por um dos cães do marido, e morrido como consequência.[3]

Apesar do funeral grandioso que preparou para a esposa falecida, no Castelo de Žebrák, Venceslau não esteve presente para se despedir. Um relato diz que ele estava muito doente com angústia pela morte de Joana, enquanto que outro diz que ele saiu para se divertir com seus passatempos favoritos.[3]

O corpo da rainha ficou exposto por alguns dias em igrejas nas cidade de Praga, de acordo com a tradição. Ela foi sepultada, primeiro, na Fortaleza de Vyšehrad, localizada a 3km a sudeste do Castelo de Praga, depois, seu corpo foi movido para o Mosteiro de Zbraslav, no distrito de Zbraslav em Praga, e por fim, em 1423, foi reenterrada na Catedral de São Vito. [4]

Anos mais tarde, Venceslau se casou com a prima de Joana, Sofia da Baviera, em 1389, porém, também não teve filhos com ela.

Ascendência

Ancestrais de Joana da Baviera
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32. Luís, Duque da Baviera
 
 
 
 
 
 
 
16. Otão II da Baviera
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33. Ludmila da Boêmia
 
 
 
 
 
 
 
8. Luís II da Baviera
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34. Henrique V do Palatinado
 
 
 
 
 
 
 
17. Inês do Palatinado
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35. Inês de Hohenstaufen
 
 
 
 
 
 
 
4. Luís IV do Sacro Império Romano-Germânico
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36. Alberto IV, Conde de Habsburgo
 
 
 
 
 
 
 
18. Rodolfo I da Germânia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37. Edviges de Ciburgo
 
 
 
 
 
 
 
9. Matilde de Habsburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38. Burcardo V de Hohenberg
 
 
 
 
 
 
 
19. Gertrudes de Hohenberg
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39. Matilde de Tubinga
 
 
 
 
 
 
 
2. Alberto I da Baviera
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40. João I, Conde de Hainaut
 
 
 
 
 
 
 
20. João II, Conde de Hainaut
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41. Adelaide da Holanda
 
 
 
 
 
 
 
10. Guilherme I, Conde de Hainaut
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42. Henrique V do Luxemburgo
 
 
 
 
 
 
 
21. Filipa de Luxemburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43. Margarida de Bar
 
 
 
 
 
 
 
5. Margarida II, Condessa de Hainaut
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44. Filipe III de França
 
 
 
 
 
 
 
22. Carlos de Valois
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45. Isabel de Aragão
 
 
 
 
 
 
 
11. Joana de Valois
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46. Carlos II de Nápoles
 
 
 
 
 
 
 
23. Margarida, Condessa de Anjou
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47. Maria da Hungria
 
 
 
 
 
 
 
1. Joana da Baviera
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48. Boleslau II de Legnica
 
 
 
 
 
 
 
24. Henrique V de Legnica
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49. Edviges de Anhalt
 
 
 
 
 
 
 
12. Boleslau III de Legnica
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50. Boleslau, o Piedoso
 
 
 
 
 
 
 
25. Isabel de Kalisz
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51. Iolanda da Polônia
 
 
 
 
 
 
 
6. Luís I de Brieg
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52. Otacar II da Boêmia
 
 
 
 
 
 
 
26. Venceslau II da Boêmia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53. Cunegundes da Eslavônia
 
 
 
 
 
 
 
13. Margarida da Boêmia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54. Rodolfo I da Germânia
 
 
 
 
 
 
 
27. Judite de Habsburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55. Gertrudes de Hohenberg
 
 
 
 
 
 
 
3. Margarida de Brieg
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56. Conrado I da Glogóvia
 
 
 
 
 
 
 
28. Henrique III da Glogóvia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
57. Salomé da Polônia
 
 
 
 
 
 
 
14. Henrique IV de Żagań
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58. Alberto I de Brunsvique
 
 
 
 
 
 
 
29. Matilde de Brunsvique-Luneburgo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59. Adelaide de Monferrato
 
 
 
 
 
 
 
7. Inês de Głogów-Żagań
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
60. Otão V de Brandemburgo-Salzwedel
 
 
 
 
 
 
 
30. Hermano de Brandemburgo-Salzwedel
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
61. Judite de Henneberg-Coburgo
 
 
 
 
 
 
 
15. Matilde de Brandemburgo-Salzwedel
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
62. Alberto I da Germânia
 
 
 
 
 
 
 
31. Ana da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
63. Isabel de Gorizia-Tirol
 
 
 
 
 
 


  • v
  • d
  • e
Consortes de Brandemburgo
Marquesas de Brandemburgo 1157–1356 (Casa da Ascânia)
  • Sofia de Winzenburg
  • Judite da Polônia
  • Ada da Holanda
  • Matilde de Landsberg
  • Sofia da Dinamarca
  • Brígida da Saxônia
  • Beatriz da Boêmia
Marquesas de Brandemburgo-Stendal 1157–1356 (Casa da Ascânia)
  • Edviges de Werle
  • Edviges da Holsácia
  • Judite de Henneberg
  • Constança da Polônia
  • Inês da Baviera
  • Inês de Brandemburgo
Marquesas de Brandemburgo-Salzwedel 1157–1356 (Casas da Ascânia e Wittelsbach)
  • Judite de Henneberg
  • Matilde da Dinamarca
  • Edviges de Habsburgo
  • Ana da Áustria
  • Catarina de Glogau
  • Margarida da Dinamarca
  • Margarida de Tirol
  • Cunegunda da Polônia
Eleitoras de Brandemburgo 1356–1806 (Casas de Wittelsbach, Luxemburgo e Hohenzollern)
Marquesas de Brandemburgo-Ansbach 1398–1791 (Casa de Hohenzollern)
Marquesas de Brandemburgo-Kulmbach 1398–1604 (Casa de Hohenzollern)
Marquesas de Brandemburgo-Bayreuth 1604–1791 (Casa de Hohenzollern)
Marquesas de Brandemburgo-Bayreuth-Kulmbach 1655–1726 (Casa de Hohenzollern)
  • Maria Isabel de Eslésvico-Holsácia-Sonderburgo-Glucksburgo
  • Sofia Maria de Solms-Baruth
  • Sofia Cristiana de Wolfstein
  • Doroteia de Eslésvico-Holsácia-Sonderburgo-Beck
Marquesa de Brandemburgo-Küstrin 1535–1571 (Casa de Hohenzollern)
  • Catarina de Brunsvique-Volfembutel
Marquesas de Brandemburgo-Schwedt 1688–1788 (Casa de Hohenzollern)
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Joana da Baviera

Referências

  1. a b c «HAINAUT». Foundation for Medieval Genealogy 
  2. «Johanna (Wittelsbach) Bayern (abt. 1362 - 1386)». Wiki Tree 
  3. a b c d e f g h i j k l «Joanna of Bavaria – Beloved or Neglected?». History of Royal Women 
  4. «Johanna of Straubing-Holland». Find a Grave 
Controle de autoridade